Corpus Christi é a celebração da Eucaristia, um
dos sete sacramentos da Igreja Católica e que se expressa por um simbolismo: a
presença de Cristo no pão e no vinho,
com seu corpo, sangue e divindade, no
ato da comunhão, momento supremo da missa. A hóstia simboliza o corpo e o vinho
simboliza o sangue. É um rito que tem origem
na Santa Ceia quando Jesus, partindo o pão e repartindo o vinho, disse
aos apóstolos: “ Este é o meu corpo, isto é o meu sangue, fazei isto em memória
de mim”. (Cf Lc. 22, 19-20).
O dia da celebração é sempre a 5º feira porque
foi nesse dia da semana que se realizou a Santa Ceia. A 5º feira escolhida porem foi a primeira
após o domingo da Santíssima Trindade (Cinquenta
dias depois da Páscoa é o domingo do Espírito Santo; o domingo imediato é o da
Santíssima Trindade).
O ofício da
cerimônia litúrgica foi composto por São Tomás de Aquino.
Histórico: no final
do séc. XIII, na Bélgica, em Liège, desenvolveu-se um movimento eucarístico
centralizado na Abadia de Cornillon de onde surgiram vários ritos como a
exposição e a benção do Santíssimo Sacramento, o toque do sino na hora da
elevação da hóstia na missa e a festa de Corpus Christi. A priora da Abadia,
depois santa Juliana de Mont Cornillon,
após um sonho revelador, criou a festa para a comemoração do Corpus
Christi, depois oficialmente decretada pelo Papa Urbano IV, em 1264. Como esse Papa morreu em seguida, a festa só foi
estendida para a Igreja mundial em 1317.
Desde o início das
solenidades estabelecidas pela Igreja, a exposição pública do Santíssimo
Sacramento, isto é, o rito de exibir a hóstia consagrada dentro do ostensório, representando o corpo vivo de Cristo, (o
Corpus Christi) se realizou por meio de procissões grandiosas tendo à frente
altas autoridades eclesiásticas carregando a custódia. Os cortejos percorriam ruas e praças onde a
população se postava em orações e, como
forma de sublimar este momento transcendental, criou-se a tradição de forrar o chão
do percurso da procissão com flores, ramos e tapetes e de ornamentar janelas,
sacadas e muros com cortinas, toalhas, colchas coloridas. Esse costume generalizou-se pelos países
católicos do mundo.
No Brasil colônia, por
influência da Península Ibérica, particularmente de Portugal, as procissões de
Corpus Christi eram a representação
máxima da fé cristã e constituíam espetáculos majestosos, com muita música,
sendo que do cortejo participavam: os religiosos, os fiéis que eram a maioria da
população, a nobreza, os militares, as corporações de ofícios, grupos de teatro representando ao vivo (lutas
de mouros e cristãos por exemplo), assim
como dançarinos em performance, todos reafirmando a supremacia do cristianismo.
Esse aparato, no
decorrer do tempo, com a evolução e a mudança de hábitos da sociedade, foi perdendo o sentido e se transformando.
Hoje a tradição se mantém sem a espetaculosidade antiga, adaptada aos tempos
modernos, mas guardando traços indeléveis da sua origem como a forração das
ruas com tapetes coloridos, agora feitos
de serragem, vidro moído, casca de ovo, borra de café, areia, tampinha de
garrafa, etc., e a ornamentação das casas, muros e sacadas das ruas escolhidas
para o percurso da procissão que conduz simbolicamente o Corpo de Cristo. Os
temas dos “quadros” dos tapetes são religiosos relacionados à hóstia, ao
cálice, ao Espírito Santo (a pomba), a Jesus, Sagrada Família, etc.
A coleção de
imagens expostas abaixo é da festa de Corpus Christi de Santana de Parnaíba,
SP. As ruas da pequena cidade todo ano
são cobertas pelos tapetes confeccionados pelos próprios moradores que contam com a participação de associações
da Igreja e de artistas locais. O
levantamento fotográfico faz parte de uma pesquisa de alunos das minhas classes
de Folclore e História da Música, da Faculdade de Música Carlos Gomes, em S.
Paulo, realizada nos anos de 2006 e 2007.
Fizeram as fotos os
alunos Valéria Castellano, Marcos César de Carvalho, Luana Rodrigues da
Silveira e eu, a professora Niomar.
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