Existe
maior compromisso com a Natureza e a vida do que um gesto como esse?
Com
o filho Tamataí no colo, a índia Huyra amamenta um filhote de porco-do mato,
repetindo um hábito dos Guajá de tratar como crianças os filhotes de animais
que matam.
(Folha de S. Paulo, 20/12/1992)
Acontece assim: alguém da tribo caça um
animal e percebe que é uma fêmea e tem filhotes. Os “bebês” morrerão de fome se
ficarem abandonados no mato. Ou poderão ser comidos por outros bichos. Eles são então levados para a aldeia e as
mulheres que estão amamentando também os alimentam.
Simples assim. Sem discurso de
ambientalistas, ecologistas, sociedades protetoras de animais ou repórteres de
televisão. Apenas a visão de mundo
de seres humanos que cuidam da Natureza porque ela lhes dá a vida.
Guajá é uma etnia indígena brasileira que
se auto-denomina Awá, palavra que
significa Homem, Pessoa ou Gente. Começou
a ter contato permanente com o homem branco a partir de 1973 e habita o
noroeste do Maranhão nas Terras Indígenas do Alto Turiassu e TI Caru,
compartilhadas pelos Ka´apor, Timbira e Guajajara.
Mais ao sul, nas TI (significa Terras
Indígenas) Arariboia, foram avistados outros grupos de Guajá, estes
arredios, em acampamentos abandonados.
Sabe-se de outros mais distantes ainda,
também sem contato com o branco, que se movimentam pelas serras e chapadas que
ligam Maranhão, Tocantins, Goiás, Piauí, Bahia.
A classificação lingüística dos Guajá é
Tupi-guarani portanto do tronco Tupi. Sua população hoje é de cerca de 230
indivíduos vivendo em quatro comunidades aldeadas pela FUNAI; e acredita-se que
cerca de 30 deles são os que habitam as
florestas, em completo isolamento.
Agricultura itinerante, caça e pesca são
suas atividades de sustentação. Plantam mandioca, arroz, milho, batata doce,
cará, banana, melancia, laranja e fazem muito uso do babaçu.
Em sua organização social, ao longo da vida, homens e mulheres podem ter
vários matrimônios.
Eles praticam um ritual chamado “viagem
para o céu” (ohó iwa-beh), em noites de lua cheia. Os homens são
preparados pelas mulheres com enfeites de plumagem de aves e cantam e dançam ao
redor da takaia, construção preparada
no descampado da aldeia. Depois entram na takaia,
um de cada vez e continuam dançando e batendo fortemente os pés no chão. Com o
impulso deste forte movimento, sobem ao céu onde encontram os antepassados e
outras entidades espirituais com as
quais interagem. Retornam à terra
“incorporados” e vão, dançando, ao encontro das mulheres e familiares que
abençoam com sopros. As mulheres não “viajam” mas têm participação importante:
pedem que eles voltem ao céu e tragam de lá entidades específicas para as consultas
ou para a cura. No momento deste ritual,
o homem torna-se o elo de ligação entre o mundo dos espíritos e o mundo físico
do cotidiano da comunidade.
Os Guajá foram estudados pelo etnólogo
paraense Louis Carlos Forline, da universidade Federal do Pará e do Museu
Emílio Goeldi, que fez das suas pesquisas a tese de doutoramento The Persistence and Cultural Transformation
of the Guajá Indians, aprovada pela Universidade da Flórida, em 1997. Ele
tem obras publicadas sobre o tema.
Para maior conhecimento, vejam:
queria saber as ativadades cotidianas dos gujá você poderia achar alguma coisa e postar?
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