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sábado, 24 de julho de 2010

MOZART

"Enquanto escrevia esta página, caíram muitas lágrimas sobre a folha. Mas, neste momento, o que está acontecendo? Oh, que alegria! À minha volta vejo voar uma quantidade de pequenos beijos ! Ah! Peguei três; serão famosos! "

Isto escreveu Mozart em outubro de 1790, para Constanze, sua mulher que estava ausente.

Acabei de ler o livro Mozart por trás da Máscara, de Lincoln R. Maiztegui Casas (Editora Planeta, 2006). O autor explica o motivo da obra: ira e revolta pelo filme Amadeus, de Milos Forman, baseado na obra de Peter Schaffer, "...história tão absurda, inverossímel, mentirosa e ofensiva, uma agressão infundada ao músico mais genial de todos os tempos."(p. 11) Fala nos milhões de espectadores que viram o filme e associaram a imagem de Mozart a uma criança ridícula e boba com uma risada histérica. Com base em fontes documentais e uma série de biografias sérias, inclusive nas cartas de Mozart, o autor demonstra a inconsistência do perfil limitante e vislumbra o verdadeiro Mozart por trás da máscara: homem inteligente, de cultura superior a dos músicos da época, vontade imperiosa, consciente da sua grandeza, preocupado com os problemas do seu tempo. Foi o porta voz da libertação dos músicos até então relegados à condição servil. Evoluiu do catolicismo conservador aos princípios revolucionários da maçonaria e teve coragem de compor A Flauta Mágica, ópera simbolicamente maçônica, no momento em que a maçonaria começava a ser alvo de severa repressão. No último ano de vida trabalhou acima dos limites de resistência física, simulando otimismo e bom humor, ocultando da esposa o estado debilitado de saúde, na tentativa de superar os problemas financeiros.
Quando morreu, pessoas paravam na frente do seu apartamento acenando lenços brancos; no dia seguinte, uma multidão desfilou diante do corpo.
O enterro em vala comum não foi por extrema pobreza e sim porque era o lugar indicado para se enterrar os músicos, oficialmente considerados criados. Com excessão daqueles que pudessem adquirir seu próprio jazigo mas o custo era muito alto.
Desmitificando a história de Mozart, diz o autor Lincoln Casas: "Este livro é um ato de amor"

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