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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Rabeca, o violino folclórico

Rabeca é o violino folclórico. Sua performance pode ser em solo, em grupos instrumentais ou acompanhando o canto. Tem quatro cordas, geralmente afinadas por quintas (sol, re, la, mi) ou três cordas ativas e a quarta vibrando por simpatia. As cordas são friccionadas com arco de crina ou fios de cauda de cavalo untados com breu. Tem som fanhoso, meio áspero e é encontrada também acompanhando o acervo poético cantado no nordeste brasileiro. É comum o instrumentista, na execução do instrumento, ao contrário da posição habitual do violino, deitá-lo ao longo do braço esquerdo mantendo a caixa junto ao peito e o braço voltado para baixo. Ver exemplos em vídeos na Internet nos endereços abaixo (disponíveis em 06/06/12). http://www.advivo.com.br/blog/fernando-augusto-botelho-rj/instrumento-com-estilo-rabecahttp://www.advivo.com.br/blog/fernando-augusto-botelho-rj/instrumento-com-estilo-rabecahttp://www.advivo.com.br/blog/fernando-augusto-botelho-rj/instrumento-com-estilo-rabecavvv A rabeca tem uma simbologia tradicional que é quase uma alegoria à imagem de Jesus crucificado: as cordas representam o corpo de Jesus distendido sobre o lenho (representado pelo braço do instrumento) e o arco completa a cruz como os braços abertos de Cristo, porém ferindo-o no peito. Outra simbologia forte da rabeca refere-se às cordas de tripa de carneiro, uma vez que Jesus é o cordeiro de Deus. Mitos e acontecimentos lendários cercam a história da rabeca. Na Europa feudal era muito conhecida a narrativa sobre Jehan Blondel, menestrel e pajem do rei da Inglaterra Ricardo Coração de Leão que, tocando sua rabeca, salvou o soberano aprisionado na torre do castelo de Durrenstein, e vigiado noite e dia, por ordem do rei da Áustria. No papel de cantor ambulante, Blondel percorreu castelos da Áustria cantando canções conhecidas pelo rei que, um dia, respondeu do alto torre. O jovem voltou à Inglaterra e revelou a localização do cativeiro. No ano seguinte, 1194, o rei foi resgatado (CASCUDO, 1969). O instrumento é às vezes o ganha pão do rabequeiro. O cego Sinfrônio Pedro Martins, tocador nordestino famoso, assim louva sua companheira fiel: Esta minha rabequinha É meus pés e minhas mãos, Minha foice e meu machado, É meu mio e meu feijão, É minha planta de fumo, Minha safra de algodão. (CASCUDO, 1969, p. 518)

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Liliana Bollos convida para o lançamento do CD DEZ ARRANJOS de Fernando Correia

Caros amigos, gostaria de convidá-los para o lançamento do CD DEZ ARRANJOS do Fernando Corrêa Combo na próxima quinta-feira, e aproveitando este e-mail para divulgar nossos próximos eventos. Ouçam o novo arranjo de Fernando de “Blues for Jim” com a Orquestra Jazz Sinfônica, cuja primeira gravação participei (CD Em contraste está em seu site www.fernandocorrea.mus.br para download). Grande abraço, Liliana Dia 30/8 - Lançamento do CD Dez Arranjos do Fernando Corrêa Combo no Jazz nos Fundos, quinta-feira, 22h Dia 02/9 – Lucas Bonetti Octeto convida Fernando Corrêa no Centro Cultural Rio Verde, domingo, 14h. Dia 03/9 - Palestra "Bossa nova: um sopro de renovação na cultura brasileira" na Semana de História, FACCAMP, 19:30-22:30h. Dia 07/9 – Quarteto Impossível. Ao Vivo, 20:30h. Dia 25/9 – Liliana Bollos piano solo no projeto Música de bandeja no SESC Pinheiros, terça-feira, 12:30-14h. "Blues for Jim" (composição e arranjo Fernando Corrêa) - Orquestra Jazz Sinfônica dia 06/06/2012, SESC Pinheiros. http://www.youtube.com/watch?v=PXFjjlwaCeA&list=UUX0u2NdzRpNRuZGlntIn4EQ

sábado, 14 de abril de 2012

História do Folclore

História do Folclore
Folk = povo Lore = sabedoria
Folklore = sabedoria do povo

Sabedoria do povo sempre existiu, em todo o tempo e lugar. Mas foi no século XVIII que se estabeleceu uma filosofia, uma forma de pensamento que permitiu se considerar como valor essencial todo esse acervo de conhecimentos que abrange: crença, moral, usos e costumes. linguagem, literatura, mitos, arte, medicina, superstições, agricultura, caça, pesca e outros.
Historicamente, as doutrinas que levaram ao reconhecimento da importância da sabedoria popular, se devem a três grandes filósofos ( que foram precedidos por Montaigne, 1533/1592):
* Gianbattista Vico ( Nápoles, 1668-1744) - contrário ao racionalismo de Descartes, esboça, a primeira filosofia da História: civilizações começam com a idade dos deuses, depois dos heróis, depois do homem; aí, retrocede à barbarie (antecipa Herder, Hegel e a teoria das três fases de Comte ). Reconheceu o valor da poesia popular antecipando o gosto do pré-romantismo. Expôs suas idéias na obra Sobre a Mais antiga Sabedoria dos Itálicos , de 1710. Em Scienza Nuova afirma que a História se faz pela sabedoria popular.
* François Marie Arouet Voltaire ( Paris, 1694-1778). Insistiu no valor dos costumes, na formação dos povos. Em Essai sur les Moeurs , de 1758, reclamava o interesse da História pela vida cotidiana - comidas e bebidas, vestuário, casas, costumes. Não só falar de reis, batalhas, vitórias, e sim do povo, do homem desconhecido, o construtor de todas as coisas.
* Jean Jacques Rousseau ( Genebra, 1712-1778). Fez a apologia do homem da natureza; o progresso das ciências e das artes só corrompe os costumes, pois delas provêem os vícios.O homem feliz é o homem da natureza, onde reina a igualdade. Com essa idéia, Rousseau sacudiu a sociedade e deflagrou a Revolução Francesa, assentou as bases da democracia e criou o Romantismo.
Ainda se deve considerar o alemão, escritor e filósofo, Herder (1744-1803) que observou o sentido da criação popular na poesia e na língua: voz pura que ressoaria depois na obra dos grandes artistas. Na língua, o dinamismo com que se manifesta a inspiração do povo.
Artistas como Goethe: única poesia veradeira é a do povo; Shakespeare, inspiração nas estórias contadas pelo povo. Em D. Quixote, Cervantes faz repercutir nos provérbios a imensa sabedoria popular.
Três grandes livros emocionaram e, com isso, também contribuíram para a valorização da sabedoria popular: os Contos de Perrault (1697), “As Mil e Uma Noites” (1704-1717) e os Poemas de Ossian (1760). (Ossian foi herói e poeta mitológico escocês do séc. III; ficando cego, cantou os feitos de sua família e do seu povo.)
São todos precursores do Romantismo, esses que anteviram a riqueza e a importância do folclore. Mas foi no séc. XIX, já em plena florescência do Romantismo, e dentro do seu espírito, que se empreendeu a primeira pesquisa, no caso da literatura oral, pelos pioneiros germânicos, os irmãos Grimm, Jacob ( 1785-1836) e William (1786-1859). Eles coletaram contos, lendas, mitos, e ampliaram a pesquisa para vários outros setores do conhecimento humano.
O estudo da sabedoria popular passou a fazer parte do estudo das culturas ( deixou o plano histórico). Já não era suficiente saber como foi no começo, mas sim como era no presente, porque existia e como funcionava. Percebeu-se o seu potencial de energia e força e sua relação direta com as maneiras de sentir e encarar a vida.
O Romantismo foi o grande momento para a floração do folclore e folclore como ciência é um produto do Romantismo.
E é neste momento que o arqueólogo inglês William John Thoms torna-se responsável pelo uso da palavra folklore para definir a cultura proveniente da sabedoria do povo, e pelos estudos mais sistematizados do que se chamou a princípio “antiguidades populares”, hoje folclore.
William John Thoms era um arqueólogo inglês nascido em Westminster em 1803. Desde a juventude dedicara-se ao estudo das “antiguidades populares”; foi fundador de uma revista , “Notas e Perguntas”para intercâmbio de dados sobre literatura popular. De suas obras destacam-se “Canções e Lendas da França, Espanha, Tartária e Irlanda” e “Canções e Lendas da Alemanha.
Em 1846, usando o pseudônimo de Ambrose Merton, escreveu à revista The Atheneum, de Londres, pedindo apoio para um levantamento de dados sobre usos, tradições, lendas e baladas da Inglaterra. Sua carta publicada em 22 de agosto, registra pela primeira vez a palavra Folklore:

... Suas páginas mostraram amiúde tanto interesse pelo que chamamos na Inglaterra de “Antiguidades populares” ou “Literatura Popular”, embora seja mais precisamente um saber popular ... e que poderia ser com mais propriedade designado com uma boa palavra anglo-saxônica, Folklore – o saber tradicional do povo.

Em 1878 fundou-se em Londres a primeira associação científica para estudo do folclore, a Folklore Society, sob a presidência de William Thoms. Seu objetivo: “... a conservação e publicação das tradições populares, baladas lendárias, provérbios locais, ditos vulgares, superstições e antigos costumes e deamis matérias concernentes a isso.”
Em 1913, a Folklore Society, avançando no campo de pesquisa , definia: “Folklore estuda tudo o que constitui o equipamento mental do povo, desde que distinto da procedência técnica”. (ALMEIDA, Renato. A inteligência do folclore. 2 ed. Rio de Janeiro: Ed. Americana; Brasília: INL, 1974. 308 p.)

No Brasil

No Brasil, os estudos e o interesse pelo folclore tomaram impulso com a Semana de Arte Moderna, em 1922.
Antes, da mesma forma que na Europa com os irmãos Grimm, Sylvio Romero (1851-1914), um professor, jurista, filósofo, jornalista, crítico literário, representante da famosa “Escola do Recife” (literária) empreendeu importante coleta de literatura popular e
fez várias publicações. Destacam-se os “Cantos populares do Brasil” e “Contos populares do Brasil”.
A Semana de Arte Moderna, com a participação de escritores, artista e músicos, foi uma ação renovadora, voltada para os nossos próprios valores nacionais, enfatizando a cultura popular como fonte de inspiração nacionalista. Até essa época, o costume era copiar os acadêmicos europeus.
Houve, em determinado momento, uma divisão de interesses: os artistas e os ficcionistas, passaram a fazer aproveitamento da temática folclórica em suas obras. Os estudiosos, empenharam-se em procurar orientação científica, a partir da pesquisa, para um estudo sistemático do folclore brasileiro.
Os estudiosos que se destacaram foram, principalmente: Mário de Andrade ( 1893-1945), um dos mentores de todo o movimento. Destacado intelectual, foi escritor, poeta, músico, pianista, crítico literário, professor, pesquisador de música folclórica, incentivador da pesquisa científica, com numerosas obras de coleta publicadas.
Na área do folclore, na mesma linha, segue-se Renato Almeida, escritor, músico, teórico de folclore, que criou a Comissão Nacional de Folclore sob auspícios do IBECC ( órgão da UNESCO: Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura) e as Comissões Estaduais que passaram a estudar e divulgar o folclore de todas as regiões do país. Renato Almeida publicou, em 1942, uma obra magistral abrangendo a história da música brasileira, erudita, popular e folclórica: História da Música do Brasil.
Aluno de Mário de Andrade, outro teórico do folclore, da mesma escola e mesma linha de pesquisa, é Rossini Tavares de Lima, fundador do Museu de Folclore (em 1954) que dirigiu por 40 anos e que hoje leva o seu nome. Também músico, escritor, jornalista, professor emérito, pesquisador, tem obras publicadas que são referências para o estudo da matéria. Foi dono, juntamente com Julieta de Andrade, da Escola de Folclore, especializada no ensino e pesquisa, e que funcionou no Museu até sua morte, em 1987. Aí formou-se grande número de especialistas que hoje lecionam folclore por todo o Brasil., na linha da pesquisa iniciada por Mário de Andrade.





Bibliografia
ALMEIDA, Renato. Inteligência do Folclore, 2ed. Rio de Janeiro: Americana/Brasília, 1974
LIMA, Rossini Tavares de. A Ciência do Folclore. São Paulo: Ricordi, 1978

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Mosaicos: Arte, Cultura e Educação



FOI LANÇADO O LIVRO
MOSAICOS: ARTE, CULTURA E EDUCAÇÃO
Em 27/10/2011

Com a organização de Francisca Eleodora Severino e Sonia Albano de Lima, o livro é uma coletânea de artigos de docentes e especialistas nas três áreas cujos nomes constam do cartão anexo.

Participei da coletânea com o estudo Música étnica africana: uma linguagem da vida.

Tivemos a honra de contar com prefácio do Professor Doutor Antonio Joaquim Severino, da Faculdade de Educação da USP.

O local do lançamento foi o Auditório I - Bloco B - 3º andar da
Universidade do Grande ABC ( UniABC)
Endereço: av. Industrial, 3330, Bairro Campestre, Santo André, SP